Impulsionada pela formação de um polo universitário na cidade, construção civil supera marasmo de quase uma década
Publicado em 28/02/2010 - Denise Paro - Gazeta do Povo
Depois de quase uma década de estagnação, a construção civil vive um surto de crescimento em Foz do Iguaçu, no extremo Oeste do estado. Considerando-se apenas os condomínios horizontais lançados no ano passado, o setor imobiliário movimentou cerca de R$ 80 milhões, e a perspectiva para 2010 é das melhores. O otimismo se apoia no desenvolvimento de um polo universitário na cidade – o que, a exemplo dos ciclos de Itaipu, dos sacoleiros e do turismo, tende a gerar efeitos em cadeia na economia da cidade.
Em agosto, terão início as atividades da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e, em 2011, estreiam os cursos superiores do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Juntas, as duas instituições devem atrair pelo menos 12 mil estudantes nos próximos anos. Esse é o número de universitários que a cidade tem hoje, matriculados em seis instituições particulares e uma pública, a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). No total, elas empregam cerca de 800 professores.
A Unila espera abrir pelo menos mil vagas neste ano e contratar cem professores, além dos demais funcionários. Quando estiver em pleno funcionamento, terá 10 mil alunos, a metade estrangeiros, e 500 professores, a maioria de fora da cidade. O IFPR, por sua vez, funciona provisoriamente no Parque Tecnológico de Itaipu e tem 120 alunos em cursos técnicos. Em 2011, abre seu primeiro curso superior e, em cinco anos, espera abrir 2 mil vagas.
Aquecido que está, o mercado imobiliário responde por algo entre 25% e 30% da movimentação de dinheiro na cidade, garante o vice-presidente do Sindicato de Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), Jilson José Pereira. Boa parte desse fenômeno se deve aos condomínios horizontais, tendência que surgiu na cidade em 2002. “Hoje as pessoas procuram casas em condomínios fechados, em busca de segurança”, diz o empresário do setor imobiliário José Augusto Caldart. Pelo menos seis condomínios horizontais estão na fase de lançamento, com um total de mil novos lotes que custam cerca de R$ 50 mil cada.
Como a construção de imóveis residenciais praticamente parou entre 1997 e 2006, hoje faltam moradias que custem de R$ 60 mil a R$ 150 mil em Foz do Iguaçu. Por isso, segundo corretores, se a Unila começasse a funcionar hoje não haveria imóveis para acomodar todos os estudantes e professores que viessem à cidade. O potencial de crescimento do setor é grande e já atrai investidores de outras cidades, revela Paulo Castegnaro, delegado do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci).
Na região norte de Foz, área que abriga a hidrelétrica de Itaipu e a Unioeste e onde a Unila está sendo construída, o valor dos terrenos mais que dobrou nos últimos tempos, diz Pereira. “Lotes que eram vendidos por R$ 5 mil a R$ 10 mil hoje custam entre R$ 25 mil e R$ 30 mil.” Mas a região da Unila não é a única com potencial de crescimento. Em Foz ainda há muitos vazios urbanos propícios para a construção, no centro e nos bairros. Exemplo disso é a porção leste da cidade, outra que se tornou referência em condomínios horizontais. Segundo o Secovi, são de Foz do Iguaçu 90% dos 320 condomínios cadastrados em seis cidades situadas na regional Oeste.
Cidade tenta superar histórico de altos e baixos
Embora tenha localização estratégica, na fronteira com o Paraguai e a Argentina, Foz do Iguaçu só ganhou notoriedade a partir da construção da usina hidrelétrica de Itaipu, em 1970. Naquele ano, a cidade tinha 33.970 mil habitantes; uma década depois, o número chegou a 136.320. O fenômeno Itaipu gerou crescimento – novas moradias, escolas, casas comerciais e até bairros inteiros no entorno da usina –, mas também mazelas.
Com a desmobilização da obra da hidrelétrica e o fim dos grandes investimentos em energia, milhares dos chamados “barrageiros” – trabalhadores nômades que migravam conforme se anunciavam novas obras de hidrelétricas – ficaram sem emprego. O mercado formal não conseguiu absorver a maioria, e muitos deles migraram para o trabalho informal. “A população que veio acabou ficando, mas a cidade não teve outra grande obra depois da usina”, diz o professor do curso de Administração da Unioeste Guido José Schlickmann.
Na sequência, a cidade passou por vários ciclos econômicos, como o do chamado comprismo, protagonizado por sacoleiros vindos de todo o Brasil para comprar no comércio paraguaio e que acabavam por movimentar hotéis, restaurantes e bares de Foz. Com a repressão ao contrabando nos últimos anos, essa fonte diminuiu, e a cidade passou a sobreviver apenas do turismo e da renda gerada pelo funcionalismo público – que cresceu à medida em que ficou mais intensa a atuação na região de órgãos como Receita, Polícia e Justiça federais.
Retomada
Hoje, três quartos dos 320 mil habitantes vivem com até 3,5 salários mínimos. Estima-se que, do total de trabalhadores da cidade, 56% sejam informais. Além disso, a maioria da população tem baixo nível de escolaridade – quase metade dos jovens de 16 e 17 anos estão fora da escola.
Mas, para Schlickmann, a vinda da Unila e do IFPR devem consolidar Foz do Iguaçu como cidade universitária e recolocá-la no caminho do desenvolvimento. “Foz estará muito bem dentro de dez anos e isso deve ter como impacto uma diminuição da violência e da pobreza”, diz. Para a presidente da Acifi, a associação comercial e industrial da cidade, Elizangela de Paula Kuhn, a maior vitória é a melhora da imagem. “Estamos mudando a imagem da terra da ilegalidade.”
Um comentário:
Salve Elo!
Estive analisando novamente. Realmente, apenas a 37 cabe recurso.
http://www.cearanews.blogspot.com/
Abraço
Wemerson Augusto
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