quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O Cotidiano Oculto

As palavras voam, a escrita fica
Datas comemorativas, costumes e ditados populares. De onde vem nossos costumes do dia a dia?



Saber porque na nossa cultura os aniversários são comemorados com bolo, velas e o tradicional “Parabéns a você”, porque o Papai Noel se veste de vermelho e porque um coelho se transformou em personagem-símbolo da Páscoa é um desafio para muitos. É na disciplina de cultura brasileira que temos a oportunidade de estudar essas curiosidades. Tão comuns no nosso dia a dia, tão sem explicações em nossas cabeças. Pessoalmente, o que é curioso e atípico me encanta. E foi justamente procurando a atipicidade dos momentos que pensei: ao invés de fazer um trabalho nas coxas, porque não buscar as explicações e significados das frases e ditos que pronunciamos no dia a dia?


É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que reconhecer alguém que saiba qual a origem desses ditados. A quem já sabe, parabéns! É de tirar o chapéu tamanho conhecimento. Dessa forma, fique à vontade para dispensar esta leitura. Mas para quem é curioso e não gosta de ficar a ver navios, seja bem-vindo! Até porque, o pior cego é aquele que não quer ver.


Vamos lá. Antes tarde do que nunca! Porque em todas as situações, a ocasião faz o ladrão.


Algumas expressões surgiram de acontecimentos gerais e históricos, tais como:



  • Tirar o chapéu - É utilizada no sentido de demonstrar respeito por alguém ou por alguma coisa. A origem da expressão vem da época em que as pessoas tiravam o chapéu quando passavam em frente a um templo religioso, numa atitude de respeito.

  • Ir para o quinto dos infernos - Na época da mineração no Brasil colônia, havia um imposto da coroa portuguesa que se chamava 'quinto', pois era cobrado um quinto de toda a mineração de ouro e outros metais. Dizia-se quando alguém tirava seu ouro e falava "Essa parte vai para o quinto dos infernos”, como uma forma de protesto oral contra a cobrança de impostos.

  • Agulha e camelo - No Novo Testamento, no livro de São Mateus, está escrito "é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus". O problema é que São Jerônimo, o tradutor do texto, interpretou a palavra "kamelos" como camelo, quando na verdade, em grego, "kamelos" são as cordas grossas com que se amarram os barcos. A idéia da frase permanece a mesma, mas qual parece mais coerente?

  • OK - Durante a Guerra de Secessão, quando as tropas voltavam para o quartel após uma batalha sem nenhuma baixa, escreviam numa placa imensa: "0 Killed"(zero mortos). Dai surgiu a expressão "O.K." para indicar que tudo correu bem.

  • Fazer nas coxas - Os telhados na época pós-descobrimento do Brasil não eram simétricos como os telhados franceses, porque os moldes das telhas eram as coxas dos escravos negros. Como alguns tinham a coxa mais grossa que outros, o telhado não ficava uniforme, surgindo, então, a expressão "Fazer nas coxas".

  • Santo do pau oco - No século XVIII, os grandes senhores de terra sonegavam impostos escondendo suas riquezas dentro de imagens ocas de santos.

  • Casa da mãe Joana - Na época do Brasil Império, mais especificamente durante a menoridade de Dom Pedro II, os homens que realmente mandavam no país costumavam se encontrar num prostíbulo do Rio de Janeiro, cuja proprietária se chamava Joana. Como esses homens mandavam e desmandavam no país, a frase casa da mãe Joana ficou conhecida como sinônimo de lugar em que ninguém manda.

  • Conto do vigário - Duas igrejas de Ouro Preto receberam uma imagem de santa como presente. Para decidir qual das duas ficaria com a escultura, os vigários contariam com a ajuda de Deus, ou melhor, de um burro.O negócio era o seguinte: Colocaram o burro entre as duas paróquias e o animalzinho teria que caminhar até uma delas. A escolhida pelo quadrúpede ficaria com a santa. E foi isso que aconteceu, só que, mais tarde, descobriram que um dos vigários havia treinado o burro. Desse modo, conto do vigário passou a ser sinônimo de falcatrua e malandragem.

  • Ficar a ver navios - Dom Sebastião, rei de Portugal, havia morrido na batalha de Alcácer-Quibir, mas seu corpo nunca foi encontrado. Por esse motivo, o povo português se recusava a acreditar na morte do monarca. Era comum as pessoas visitarem o Alto de Santa Catarina, em Lisboa, para esperar pelo rei. Como ele não voltou, o povo ficava a ver navios.

  • Não entender patavina – Significa não saber nada sobre determinado assunto. A frase foi inspirada em Tito Lívio, natural de Patavium (hoje Pádova, na Itália), que usava um latim horroroso, originário de sua região. Nem todos entendiam. Daí surgiu o Patavinismo, que originariamente significava não entender Tito Lívio, não entender patavina.

  • O pior cego é o que não quer ver - Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D'Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imagina era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver.



Não se sabe ao certo quando os ditos populares surgiram. Pelo visto, deve fazer bastante tempo, porque alguns datam de séculos atrás. A relação com o folclore é estreita, pois remete aos costumes e vivências dos povos. É uma cultura aberta, que vai se modificando, e acaba transformando-se em linguagens especiais, passíveis de serem estudadas, compreendidas e catalogadas.


Com o tempo, são passadas de uma geração a outra. Muitas vezes através da imaginação, quando o povo busca explicar os mistérios da natureza onde vivem, abrandar seus temores através da religião e compreender a vida de um modo geral.


Os ditos populares são representados por tradições e crenças expressas das mais diversas formas. Supõe-se que alguns sejam reais, como os citados acima, e outros são considerados fruto da imaginação do homem, uma “mentira dita muitas vezes” que com o tempo é aceita como verdade absoluta, e acaba sendo praticada por um grande número de pessoas.


Mas não pense que os ditos populares são apenas aqueles tradicionais, de anos atrás. Exemplos reais de que nós continuamos criando esses ditos são as frases: “Não é brinquedo não”, “Ninguém merece” e o mais recente “Catiguria”, bordão da personagem Bebel, da novela “Paraíso Tropical”, da Rede Globo. Pode –se dizer que a televisão, através das novelas e reality shows é a grande propulsora do linguajar popular amplamente praticado pela população. Mesmo quem não assiste a esses programas acaba “vítima” do processo de repetição incansável do personagem ilustrador de tais ditos. Aos companheiros e ferrenhos críticos das alienações provocadas por nossa televisão, não se revoltem e pratiquem, também, nossos novos ditos populares. Afinal de contas, a voz do povo é a voz de Deus.


Para quem é curioso e gosta de meter o bedelho em tudo, segue abaixo mais alguns ditados populares da cultura brasileira.





  • BICHO-DE-SETE-CABEÇAS - Quer dizer um problema muito complicado.

  • DAR NÓ EM PINGO D'ÁGUA - Quer dizer fazer uma coisa muito difícil.

  • FAZER COM O PÉ NAS COSTAS - Quer dizer fazer algo com muita facilidade.

  • DEIXAR A PETECA CAIR - Quer dizer desistir, desanimar.

  • DOR-NO-COTOVELO - Quer dizer inveja ou ciúme.

  • MATANDO CACHORRO A GRITO - Quer dizer estar numa situação bem difícil.

  • FICAR COM A PULGA ATRÁS DA ORELHA - Quer dizer ficar desconfiado.

  • PINTAR O SETE - Quer dizer fazer muita bagunça.

  • MARIA-VAI-COM-AS-OUTRAS - Quer dizer a pessoa que só faz o que os outros fazem.

  • ENTRAR PELO CANO - Quer dizer se dar mal.

  • TOMAR CHÁ DE SUMIÇO - Quer dizer desaparecer, ir embora.

  • DAR UM RISO AMARELO - Quer dizer ficar encabulado, sem graça.

  • VÁ LAMBER SABÃO - Quer dizer não perturbe, não aborreça, não enche.

  • DAR NO PÉ - Quer dizer fugir, ir embora bem depressa.




As expressões e ditados populares utilizados no texto foram tirados do site: www.brasilcultura.com.br

Webjornalismo

Felipe Memória
www.fmemoria.com.br


Felipe Memória, um grande nome em web no Brasil, no link portfólio, escreve como e porque ele projetou o site do Globo Esporte.


Felipe também tem um livro publicado, intitulado “Design para a internet: projetando a experiência perfeita”. Na obra ele fala sobre pontos importantes que devemos pensar ao projetar produtos de internet.


O livro fala também sobre processo de projeto, design de interfaces, testes de usabilidade e questões que vão além do desenho do produto. São aquelas capazes de proporcionar uma experiência agradável ao visitar um site.


Ele cita: “A idéia é mostrar que não basta projetar um site bonito e funcional para criar um produto de sucesso. Isso não é suficiente. A experiência (é aqui que Felipe destaca a importância do “webjornalista”, para dar qualidade e abrangência de informações) que ele proporciona é decisiva. E, para que isso aconteça, é preciso explorar a característica que mais diferencia a internet das outras mídias: a enorme quantidade de pessoas conectadas”.



Usabilidoido
www.usabilidoido.com.br


Site de responsabilidade de Frederick van Amstel, formado em Jornalismo pela UFPR. Atualmente é mestrando em Tecnologia pela UTFPR com bolsa pesquisa concedida pela Fundação Araucária. Ele edita o blog/podcast Usabilidoido, Top 10 do Ibest em 2005 e 2006. O site oferece vários links e trata de diversos assuntos relacionados à internet. Abrange como público-alvo principalmente designers, jornalistas e programadores. É possível também participar de fóruns de discussão.


Na apresentação do site, ele cita: “aos poucos, fui percebendo que a teoria da mídia se aplicava muito bem à própria Internet, que carecia de tal tratamento. Defini meu objetivo: levar o conhecimento sobre Comunicação Social para a Web”.



Sopa Brasiguaia
www.sopabrasiguaia.com


Atualizado diariamente, o site é uma espécie de blog, e trata de assuntos específicos, sempre relacionados à fronteira Brasil-Paraguai. É mantido por Guilherme Dreyer Wojciechowski, formado em Turismo pela Unioeste e Fernando Roberto Varnier Fernandes, formado em Administração e pós-graduado em Gestão das Organizações também pela Unioeste. É um site bastante respeitado pelos demais veículos de comunicação. De acordo com as informações de apresentação do site, os dois são apaixonados por notícias quando o assunto é a fronteira.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Pra quem acha que já viu de tudo...

Texto escrito em setembro de 2006. Como ele causou certa polêmica, vale a pena postar aqui!


Hoje percebi que setembro é um mês macabro. O mês do cachorro louco. Não. Não pode ser que o google considere o mês de agosto como o mês amaldiçoado. Está na hora de revermos nossos conceitos quanto a datas comemorativas.


Que desgraça maior você quer ver do que a queda das torres gêmeas nos EUA e a independência do Brasil? Justo em setembro. Quanta maldição num mês só.


Como é que pode? A gente sempre acaba falando nos EUA. Não agüento mais esse papo furado de imperialismo. Já enjoou. Subordinação, cultura de massa, ditadura. Tudo culpa dos americanos.


Será?


É tão mais simples culpar o cara rico pela desgraça dos pobres.Não é assim que acontece nas novelas e nos filmes? A gente já cresce acreditando nisso.


Por isso, hoje, 7 de setembro, resolvi me rebelar. Não estou em cima de um cavalo às margens do Rio Ipiranga. Nem muito menos tenho uma espada. Mas tá valendo, tenho um computador.


Declaro, publicamente, que sou partidária do colunista Diogo Mainardi. É, aquele cara que fala mal dos brasileiros. Será que quando ele morrer eu consigo assumir o posto dele?


Sabe porque estou com esse sentimento antipatriótico?


Ontem, 6 de setembro, acompanhei a comemoração da semana da pátria em Medianeira. Começou na segunda-feira, dia 4. Tudo muito lindo. O prefeito, o vice, as autoridades presenciando as comemorações. Cada dia uma escola se apresentou. Poemas, versos, exaltação ao hino e à bandeira. E ontem, no dia antecessor ao desfile da Independência, um grupo dançou um street dance (dança de rua), com uma música em inglês.


Nessa hora, senti saudades do Gera Samba e da Carla Perez. Pelo menos acho que ia ser mais nacionalista né? Mais a ver com o 7 de setembro.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Índios sob o olhar de uma paranaense

Pintora ilustra tribos e costumes indígenas

A convivência com o sítio, o mato e o contato com a terra desde a infância são inspiração à pintora Daine Mari Chibiaqui, de Medianeira, oeste do estado. Natural de Capanema, a artista fez das imagens dos trabalhadores do sítio do pai desenhos retratados em suas telas.

A pintora é autodidata, e admira a perfeição dos traços com que ilustra rostos e expressões de pessoas. “Não sabia nada, muito menos mistura de cores, mas desde os 12 anos eu teimava que queria pintar. Meu primeiro quadro foi um Jesus Cristo. Olho torto, nariz estranho. Eu mexia, mudava, e fui aprendendo sozinha”.

Com o tempo, a artista desenvolveu outra paixão: a pintura indígena, retratada através dos costumes e da expressão facial de cada tribo. “O que mais me fascina na figura do índio é a expressão do olhar e as cores de cada tribo”. Mas Daine revela que essa não é a arte preferida dos brasileiros. De acordo com ela, 99% dos quadros que retratam a cultura indígena são vendidos a estrangeiros. Os nativos pintados por Daine estão em países como Rússia, Coréia do Sul, Japão, Estados Unidos, Líbano, Ucrânia, Alemanha, Argentina, México, Paraguai, Chile e Uruguai.

“O que me chama atenção é que todos nós, de uma forma ou outra somos descendentes de índios. Mas só lembramos de dizer: meu avô era italiano, alemão. Os índios estão esquecidos em livros, e só são vistos hoje na beira das estradas, vendendo utensílios”.

A paixão e a atenção dada à arte indígena em suas telas trouxe uma surpresa à artista. Em 2006, Daine foi selecionada para compor o calendário da marca de tintas Acrilex. A obra foi selecionada entre centenas de trabalhos nacionais para compor, junto a outros 11 artistas, o calendário, distribuído em 32 países. “Estava participando da Hobby Art em São Paulo quando soube que estavam selecionando artistas para compor o calendário. Então, de última hora, resolvi mandar meu portfólio. Eles gostaram muito, e já pediram pra que eu deixasse o material lá”.

Atualmente Daine reside em Medianeira, onde mantém um atelier. Tem mais de cem alunos, de 6 a 81 anos. “O que mais me realiza em pintura é que como em uma fotografia, um olhar expressivo e os costumes de cada pessoa podem te passar muita informação. E você acaba marcando na tela um momento da história. Por isso me identifico com esse tipo de arte. Acho importante manter a identidade e a existência do índio na nossa memória, como uma herança, para sempre”.

Calendário Acrilex

Em 2007, com o quadro “Yanomamis”, Daine participa do calendário da marca de tintas Acrilex. A tela ilustra o mês de abril, numa referência ao Dia do Índio.

Sobre a participação, Daine destaca: “Sabe que nós aqui somos um grãozinho de areia, têm milhares de artistas no Brasil inteiro que gostariam de ser selecionados. Mas ver seu trabalho lá, e ainda mais com a arte que eu sempre me identifiquei, que é a figura do indígena, é muito gratificante”.

Pintura Indígena

No século XX a arte indígena no Brasil foi bastante difundida através do desenhista, pintor, fotógrafo e cinegrafista Vladimir Kozák (1897-1979), que se radicou no Paraná no final dos anos 1930. O engenheiro mecânico tcheco migrou para o Brasil em 1920, morou em diversos estados brasileiros, registrando aspectos etnológicos e botânicos. No final dos anos trinta aprofundou seus estudos antropológicos, principalmente voltados à figura do indígena.

O legado de Kozák não é pequeno: são telas, desenhos, objetos, fotografias e rolos de filme. Muitos deles encontrados no Museu Paranaense. Apesar das cenas de carnavais e das extintas Congadas, o que se destaca aqui é sua contribuição em registrar os costumes indígenas do grupo Xetás, que até os anos de 1950 habitavam a região da Serra dos Dourados, no município de Umuarama, no noroeste do estado.

Por muito tempo Kozák tentou transformar a pintura indígena em uma nova corrente artística. Seu passatempo de férias era visitar as tribos e registrar nas telas os costumes dos povos. O pintor morreu em 1979, e, há 20 anos, contextualizou em palavras a importância dada pelos pintores à arte indígena: “Os índios estão esquecidos”.