terça-feira, 29 de maio de 2012
Só Deus salva
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Vida de Matilde Catarina
Uma sala cheia de flores. Coloridas, com recadinhos de carinho e amor. Acho que ela não esperava receber tantos ramalhetes. Sempre foi uma mulher discreta, sem luxo ou frescuras.
Na sala, ao som de música calma e à luz de velas, em meio a outras pessoas que estavam ali, li mensagem a mensagem. Só Deus sabe o que se passa em minha mente nessas horas.
Lembrei das histórias que meu pai e tios contam. Matilde Catarina nasceu no Rio Grande, falava italiano fluente. Casou-se nova e teve 11 filhos. No pequeno sítio, passou fome e alimentava os filhos com aquilo que conseguia. Desbancou o Aurélio e tornou-se a chefe da casa. Sempre teve força, vontade, disposição e coragem. É do tipo “exemplão”, sabe?
Católica de rezar o terço todos os dias e ir à missa pelo menos 3 vezes por semana, incomodou os céus mais de mil vezes pedindo proteção para os 11 filhos, noras, genros e os 24 netos. Por interseção divina e extrema alegria, teve um filho padre.
Viveu e sobreviveu.
Depois dos 75 anos ela veio com uma ideia: “Já tá na hora de me mudar e morar na Vila Nova”.
Expectativa
Vila Nova é o bairro da cidade de Matelândia – PR onde fica o cemitério. Nos últimos tempos Matilde Catarina ficou teimando que estava na hora de morrer. Até que em 2010, conseguiu.
Reflexão
Eu nunca entendi e até hoje não entendo. Talvez a maturidade me faça compreender.
Fiquei pensando como as pessoas tem focos e objetivos de vida diferentes. O meu é viver (muito). O da minha avó era morrer (o quanto antes). Ela conseguiu ir para a Vila Nova e antes de chegar ao destino, teve uma delicada cerimônia, com todos os filhos e netos reunidos e ainda teve honrarias de 10 padres celebrando o velório.
A vida é feita de objetivos e a morte causa expectativa. A danada da vó conseguiu o que queria – até o último momento.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Despedida do trema
A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K, o W "kkk" pra cá, "www" pra lá. Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER. Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo. Tudo bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar.Podemos ver-nos em livros antigos. Saio da língua para entrar na história.Adeus, Trema
(autor desconhecido)
Que amor esse texto! Nunca pensei que fosse compartilhar o sentimento de um sinal gráfico. Fiquei comovida com o trema!
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Medos
o vão do avião
o motor do elevador
a luz do trovão
as piruetas do carro
os significados na contramão
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
O homem do ano
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Oi, mulheres!
Eu sou o máximo.
Quando vou a uma loja de roupas, a atendente olha para os meus olhos e diz com a voz do coração palpitante: “oi querida!”. Eu, claro, já sabendo que esta característica é intrínseca das pessoas deslumbrantes, respondo: “oiiii”.
Já em 2006 eu recebi um e-mail: “Oi minha bananeira”. Esse eu achei estranho, porém: a família frutífera das Musaceae, vulgo bananeira; veja que esplendor; possui um subgênero de bananas chamadas “Musas”. Portanto, para a minha amiga virtual, sou um ser divino fonte de inspiração, uma completa deidade.
Bem, como canta a Neísa Pantera, em sua composição mais famosa (clique e se delicie!) “Eu sou uma fruta forte que aguenta até varada!”
E na varada da noite: “oi Amoooor”. E não, não foi meu namorado o autor do amoroso cumprimento. Foi uma conhecida que eu não via há meses. Eu achei fofo aquele “oi”. Eu acho lindo o amor.
Volto à poetisa Neísa, que já dizia: “Sou gostosa e saborosa, Docinho igual ao mel”.
Por fim, é inevitável: “Oi florrrr”. Leves e esvoaçantes como os passarinhos que beijam vem minhas amigas e dizem: “Florzinha!”
Nhóim, que fofinho.
Canta Neísa, encerra esse textículo:
“Já sabem quem eu sou??”
terça-feira, 6 de julho de 2010
Un perro rojo
- Anti-pulga, pra não contaminar as crianças
- Curta, pra não chegar até a rua e ser atropelada
- Barata, pra que gastar con perros?
O perro tentou esconder o osso.
Lavaram com água, shampoo. Parecia seda.
Pero, encardiu.
O tempo passa, as peles mancham. A pele escureceu. O perro pretiou. Cada dia mais distante do que era, o pobre perro se escondeu na escuridão.
Nessa vida o perro andou, rolou, deu a patinha e latiu como um grandalhão. Pequetito, fez de tudo pra ser um bom cão. Daqueles que cuidam da casa, do osso, do portão.
Hoje perro já se sente um pouco velho e antiquado. Há dias bons em que se passa na frente da casa e ele bate o rabo sem parar.
Há dias de reflexão e perro lembra das roladas ao chão. Com o rabo entre as pernas ele espera emoção.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Dias gelados
Coloridos
Do Paraguai
15 reais
Eu converso com o Santo Expedito
Pra que me dê um veredicto
Sou organizada na minha batalha
Desde o verão eu sonho com os cobertores
Já sei que fim dar
Mas ainda não consegui comprar
Enquanto as camas esperam
Eu não quero ver o verão chegar
sexta-feira, 25 de junho de 2010
O embate sangrento
Ás vezes só arranhões e vermelhidões
Mas há também pedaços de carne expostos
Tenta-se controlar o mal pela raiz
No ambiente que por vezes foi tão matiz
Agora predomina o vermelho
Não porque é a cor da moda
São ferimentos causados pelo alicate
Ou até pelas outras unhas
Dos outros dedos cuticulares
Que insistem em me cutucar
Hahahahaha
Momento poético dedicado ao @chibiaqui, que tem horror de me ver tirar cutículas. É que ás vezes, sem querer, tiro um “bifinho”!
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Texto grande, de impresso, mas resolvi postar aqui pq achei lindo!
Impulsionada pela formação de um polo universitário na cidade, construção civil supera marasmo de quase uma década
Publicado em 28/02/2010 - Denise Paro - Gazeta do Povo
Depois de quase uma década de estagnação, a construção civil vive um surto de crescimento em Foz do Iguaçu, no extremo Oeste do estado. Considerando-se apenas os condomínios horizontais lançados no ano passado, o setor imobiliário movimentou cerca de R$ 80 milhões, e a perspectiva para 2010 é das melhores. O otimismo se apoia no desenvolvimento de um polo universitário na cidade – o que, a exemplo dos ciclos de Itaipu, dos sacoleiros e do turismo, tende a gerar efeitos em cadeia na economia da cidade.
Em agosto, terão início as atividades da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e, em 2011, estreiam os cursos superiores do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Juntas, as duas instituições devem atrair pelo menos 12 mil estudantes nos próximos anos. Esse é o número de universitários que a cidade tem hoje, matriculados em seis instituições particulares e uma pública, a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). No total, elas empregam cerca de 800 professores.
A Unila espera abrir pelo menos mil vagas neste ano e contratar cem professores, além dos demais funcionários. Quando estiver em pleno funcionamento, terá 10 mil alunos, a metade estrangeiros, e 500 professores, a maioria de fora da cidade. O IFPR, por sua vez, funciona provisoriamente no Parque Tecnológico de Itaipu e tem 120 alunos em cursos técnicos. Em 2011, abre seu primeiro curso superior e, em cinco anos, espera abrir 2 mil vagas.
Aquecido que está, o mercado imobiliário responde por algo entre 25% e 30% da movimentação de dinheiro na cidade, garante o vice-presidente do Sindicato de Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), Jilson José Pereira. Boa parte desse fenômeno se deve aos condomínios horizontais, tendência que surgiu na cidade em 2002. “Hoje as pessoas procuram casas em condomínios fechados, em busca de segurança”, diz o empresário do setor imobiliário José Augusto Caldart. Pelo menos seis condomínios horizontais estão na fase de lançamento, com um total de mil novos lotes que custam cerca de R$ 50 mil cada.
Como a construção de imóveis residenciais praticamente parou entre 1997 e 2006, hoje faltam moradias que custem de R$ 60 mil a R$ 150 mil em Foz do Iguaçu. Por isso, segundo corretores, se a Unila começasse a funcionar hoje não haveria imóveis para acomodar todos os estudantes e professores que viessem à cidade. O potencial de crescimento do setor é grande e já atrai investidores de outras cidades, revela Paulo Castegnaro, delegado do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci).
Na região norte de Foz, área que abriga a hidrelétrica de Itaipu e a Unioeste e onde a Unila está sendo construída, o valor dos terrenos mais que dobrou nos últimos tempos, diz Pereira. “Lotes que eram vendidos por R$ 5 mil a R$ 10 mil hoje custam entre R$ 25 mil e R$ 30 mil.” Mas a região da Unila não é a única com potencial de crescimento. Em Foz ainda há muitos vazios urbanos propícios para a construção, no centro e nos bairros. Exemplo disso é a porção leste da cidade, outra que se tornou referência em condomínios horizontais. Segundo o Secovi, são de Foz do Iguaçu 90% dos 320 condomínios cadastrados em seis cidades situadas na regional Oeste.
Cidade tenta superar histórico de altos e baixos
Embora tenha localização estratégica, na fronteira com o Paraguai e a Argentina, Foz do Iguaçu só ganhou notoriedade a partir da construção da usina hidrelétrica de Itaipu, em 1970. Naquele ano, a cidade tinha 33.970 mil habitantes; uma década depois, o número chegou a 136.320. O fenômeno Itaipu gerou crescimento – novas moradias, escolas, casas comerciais e até bairros inteiros no entorno da usina –, mas também mazelas.
Com a desmobilização da obra da hidrelétrica e o fim dos grandes investimentos em energia, milhares dos chamados “barrageiros” – trabalhadores nômades que migravam conforme se anunciavam novas obras de hidrelétricas – ficaram sem emprego. O mercado formal não conseguiu absorver a maioria, e muitos deles migraram para o trabalho informal. “A população que veio acabou ficando, mas a cidade não teve outra grande obra depois da usina”, diz o professor do curso de Administração da Unioeste Guido José Schlickmann.
Na sequência, a cidade passou por vários ciclos econômicos, como o do chamado comprismo, protagonizado por sacoleiros vindos de todo o Brasil para comprar no comércio paraguaio e que acabavam por movimentar hotéis, restaurantes e bares de Foz. Com a repressão ao contrabando nos últimos anos, essa fonte diminuiu, e a cidade passou a sobreviver apenas do turismo e da renda gerada pelo funcionalismo público – que cresceu à medida em que ficou mais intensa a atuação na região de órgãos como Receita, Polícia e Justiça federais.
Retomada
Hoje, três quartos dos 320 mil habitantes vivem com até 3,5 salários mínimos. Estima-se que, do total de trabalhadores da cidade, 56% sejam informais. Além disso, a maioria da população tem baixo nível de escolaridade – quase metade dos jovens de 16 e 17 anos estão fora da escola.
Mas, para Schlickmann, a vinda da Unila e do IFPR devem consolidar Foz do Iguaçu como cidade universitária e recolocá-la no caminho do desenvolvimento. “Foz estará muito bem dentro de dez anos e isso deve ter como impacto uma diminuição da violência e da pobreza”, diz. Para a presidente da Acifi, a associação comercial e industrial da cidade, Elizangela de Paula Kuhn, a maior vitória é a melhora da imagem. “Estamos mudando a imagem da terra da ilegalidade.”