Pintora ilustra tribos e costumes indígenas
A convivência com o sítio, o mato e o contato com a terra desde a infância são inspiração à pintora Daine Mari Chibiaqui, de Medianeira, oeste do estado. Natural de Capanema, a artista fez das imagens dos trabalhadores do sítio do pai desenhos retratados em suas telas.
A pintora é autodidata, e admira a perfeição dos traços com que ilustra rostos e expressões de pessoas. “Não sabia nada, muito menos mistura de cores, mas desde os 12 anos eu teimava que queria pintar. Meu primeiro quadro foi um Jesus Cristo. Olho torto, nariz estranho. Eu mexia, mudava, e fui aprendendo sozinha”.
Com o tempo, a artista desenvolveu outra paixão: a pintura indígena, retratada através dos costumes e da expressão facial de cada tribo. “O que mais me fascina na figura do índio é a expressão do olhar e as cores de cada tribo”. Mas Daine revela que essa não é a arte preferida dos brasileiros. De acordo com ela, 99% dos quadros que retratam a cultura indígena são vendidos a estrangeiros. Os nativos pintados por Daine estão em países como Rússia, Coréia do Sul, Japão, Estados Unidos, Líbano, Ucrânia, Alemanha, Argentina, México, Paraguai, Chile e Uruguai.
“O que me chama atenção é que todos nós, de uma forma ou outra somos descendentes de índios. Mas só lembramos de dizer: meu avô era italiano, alemão. Os índios estão esquecidos em livros, e só são vistos hoje na beira das estradas, vendendo utensílios”.
A paixão e a atenção dada à arte indígena em suas telas trouxe uma surpresa à artista. Em 2006, Daine foi selecionada para compor o calendário da marca de tintas Acrilex. A obra foi selecionada entre centenas de trabalhos nacionais para compor, junto a outros 11 artistas, o calendário, distribuído em 32 países. “Estava participando da Hobby Art em São Paulo quando soube que estavam selecionando artistas para compor o calendário. Então, de última hora, resolvi mandar meu portfólio. Eles gostaram muito, e já pediram pra que eu deixasse o material lá”.
Atualmente Daine reside em Medianeira, onde mantém um atelier. Tem mais de cem alunos, de 6 a 81 anos. “O que mais me realiza em pintura é que como em uma fotografia, um olhar expressivo e os costumes de cada pessoa podem te passar muita informação. E você acaba marcando na tela um momento da história. Por isso me identifico com esse tipo de arte. Acho importante manter a identidade e a existência do índio na nossa memória, como uma herança, para sempre”.
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Um comentário:
Muito bem ... precisa postar os demais trabalhos!!
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