terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Da série..Mulheres invocadas

Já que segundo o dicionário, invocado é quem alega, expõem, critica.

Importando palavras, ampliando horizontes
Gisela Pinheiro Lima, professora de Língua
Portuguesa, Montreal, Canadá

Proibir o uso de palavras estrangeiras nos textos em língua portuguesa é um
equívoco. Os deputados brasileiros, no lugar de votar leis xenófobas, deveriam
empregar seu tempo nos problemas concretos que o “estrangeirismo” das
palavras denuncia - quando denuncia.
Não temos que restringir o vocabulário da língua, e sim ampliá-lo com nossos
horizontes… palavras são sempre bem-vindas, cada uma com suas nuances e
possibilidades expressivas.
Não existem sinônimos perfeitos na língua: cada palavra traz uma carga
semântica enriquecida pela história dos seus usos e usuários, e nesses usos
vai se transformando e ganhando novas conotações, num movimento rico e
vivo como a dinâmica da cultura que gera a língua e é por ela gerada. Basta
pensar na contribuição dos diversos imigrantes para o enriquecimento tanto da
língua portuguesa quanto da diversidade cultural no Brasil, sem falar na
contribuição para nos salvar do uso de termos, no mínimo, engraçados... portaseios,
por exemplo, seria o nome do sutiã se esse tipo de lei estivesse em vigor
quando essa palavra foi importada do francês, com o abajur (quebra-luz), e
nosso esporte nacional teria que ser pé-na-bola, o nome nacionalista do nosso
football, ops, futebol.
Claro que existe o aspecto sintomático do uso excessivo de palavras
estrangeiras, notadamente em inglês, e é bom prestar atenção no que isso
pode indicar.
Se importamos tecnologia, especialmente dos americanos, com ela vêm as
palavras que nomeiam os avanços tecnológicos produzidos por eles. Eles
criaram, eles nomeiam.
Que tal, no lugar de camuflar palavras, aumentar a verba para pesquisa (a
primeira que o presidente do Brasil corta quando (sempre) o orçamento
aperta)? Isso ia permitir que nossos pesquisadores, esses heróis,
desenvolvessem seu potencial e nomeassem as suas soluções e descobertas
científicas… claro, em português. Melhor faria o deputado Aldo Rebelo se
lutasse pelas verbas de educação e pesquisa, em vez de ficar brincando de
maquiagem.

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